25 de jun. de 2013

E o Gigante ainda hiberna!

É uma pena!
Vejo nessas manifestações as classes C e D engrossando as fileiras da classe B, a que é mais esclarecida e consciente.
Vejo reivindicações legítimas de vozes que nunca encontraram eco, em uma falsa democracia como a nossa, clientelista, paternalista, assistencialista, onde o povo é ignorante, narcisista e corrupto.
Vejo nossos "representantes" como investidores em cargos públicos (gestores), onde os acordos são costurados visando o bem próprio, nunca a coletividade ou o bem comum,  o capital desses políticos é investido para quando eleito ser corrigido e bastante lucrativo.
Não acho que o gigante acordou,  digo isso por conta da nossa formação filogênica e sociológica, um povo acomodado, passivo.
Vejo vândalos, oportunistas.
Vejo oligarquias perpetuas em vários Estados desse gigante e que nas próximas eleições se elegerão.
Vejo jovens carentes de atenção, necessitando de visibilidade,  de ideais, pousando para fotos, objetivando postarem nas redes sociais tentando darem sentido a sua vida, na busca de ídolos e de referências.
Participei do movimento estudantil, fui presidente e vice-presidente do CA de Contábeis - UFPI, hoje vejo a maioria daqueles que faziam o movimento piores do que tudo que contestavam. Alguns em Brasília, outros na Prefeitura e outros no Palácio do Karnak (governo do Estado), a maioria com investimentos no Alphaville e patrimônio questionáveis.
Ouvi dos meus avós e no ensino fundamental que esse gigante é um país do futuro.
Vandré em 1968, tentou acordar esse gigante com um hino contra tudo que hoje se configura com o que há de mais podre no nosso país, em seus versos dizia "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer", passaram-se 45 anos e esse gigante ainda hiberna, e eu torço para que eu esteja errado e que ele acorde.

15 de jun. de 2013

Dia dos Namorados

Hoje no trabalho as pessoas estavam diferentes, a estagiária que trabalha comigo, com um sorriso, que não cabia em sua face,. No almoço percebi casais eufóricos, falando alto como se quisessem serem notados, como se anunciassem: "Estamos felizes e somos namorados".
Na faculdade havia uma clima de romance, aspirávamos emanações de amor, seja ele carnal, verdadeiro ou efêmero.
Na volta para casa resolvi aumentar o percurso, passei por avenidas desnecessárias, vi os bares, restaurantes lotados, senti os burburinhos, gente disputando mesas e atenção dos garçons, nos motéis filas de carro na porta de entrada, imaginei que os casais passaram mais tempo esperando uma mesa, a comida do que saboreando as guloseimas, mais tempo dentro do carro que no quarto do motel, entretanto todos garantiram a fofoca, ou melhor o assunto do dia seguinte.
Não entendo isso, não que eu seja anti-social, que não seja romântico ou que não curta dá rosas vermelhas, ou chocolates com bichinhos de pelúcia, o que não entendo e não me sujeito é precisar de uma data criada com fins comerciais para manifestar meus sentimentos ou me deprimir porque não tenho uma namorada no dia de hoje e nem assunto para relatar no dia seguinte.
 Não concordo é ser mais um, tocado que nem ovelha a caminho do redil, cego guiado sem saber para onde e nem com quem está indo. E não me refiro aos dias dos enamorados, e sim a todos os dias taxados como datas "determinadas", como os dias das mães, o dia dos pais, o dia internacional da mulher ou da criança, etc
Como seria maravilhoso se todos os dias as emanações do amor fossem vivenciadas, se não precisássemos de "dias" para manifestar gratidão, sinceridade e reconhecimento por quem temos apreço. 
É o que penso, é o que eu procuro viver!

19 de abr. de 2013

É questão de fé (ou da ausência dela)




Nesses últimos dias passei por situações  não rotineiras, inusitadas mesmo.  No começo do mês de março nasceu  minha terceira filha, fruto de uma relação breve, intensa, entre dois desconhecidos.  Os mais racionais, os metódicos e certinhos de plantão diriam, de um ato irresponsável de dois adultos infantilizados e inconsequentes. 
 Bem, o fato é que minha filha trouxe uma  alegria indescritível,  e sentimentos adormecidos por  15 anos,revividos e  vivenciados como únicos, ímpar.

Ao saber da gravidez não planejada, já contextualizada, após o susto inicial, agradeci aos céus, a força organizadora do universo, com a certeza e a convicção de quão abençoado sou. Imaginei aqueles casais inférteis, o dia a dia de exames, de indutores de ovulação, de ultrassom diário para a comprovação do rompimento do folículo, os estresses e as rupturas de relacionamentos fragilizados com toda essa situação.
Passados 34 dias após o nascimento dela, meu papai que dias anteriores a agradava com um ovo da páscoa, dava entrada em um hospital, com diagnóstico de aneurisma da aorta abdominal e prognóstico nada animador. Nesse quadro real e representativo da dinâmica misteriosa da passagem transitória e circunstancial da existência humana, é que quero hoje divagar.
 Imaginei a oportunidade que a vida apresentava de reconstrução, de formação e renovação a dois adultos contingenciados por repertórios aprendidos, alguns tatuados com cores vibrantes nas profundezas das entranhas. Amei aquele Ser naquele momento, rejuvenesci.
Nas minhas divagações rotineiras não compreendi e não compreendo até o hoje o porquê do acontecer. Nas minhas crenças intermediárias e central não há lugar para o acaso, creio no determinismo biopsicossocial. Somos determinados bio (geneticamente por nossos pais com as nossas predisposições), psico (existe uma relação da atividade fisiológica e o psiquismo) social (o meio nos influencia constantemente).  Estendendo a visão desse psiquismo, além do conjunto de fenômenos conscientes e inconscientes de um determinado sujeito, a um fluido universal que anima todos os seres vivos, ou ainda na visão de alguns, alma ou espírito, dou continuidade as minhas divagações.
Meu pai ficou internado quase cinco dias, os mais próximos e outros não tão próximos, na intenção de serem solidários ou apenas na repetição impensada e reprodução de frases feitas, diziam: “conte comigo, estou aqui”  “vamos ter fé, que vai dá tudo certo”, “estou rezando (orando) e tenho certeza que Deus vai ouvir minhas preces”, “reze (ore) tenha fé, que para Deus nada é impossível”, “coragem, confiança”, “a fé remove montanhas”.  Não fiz nenhuma oração de pedido!
Ele internado e eu naquele hospital com uma visão multilocular, observando o que se passava ao meu redor. Algumas pessoas idosas, outras nem tanto, algumas crianças, problemas diversos, universos diferentes, um só desejo a cura. 
Uma mãe que teria que enterrar uma filha que não chegou a adolescência vítima do câncer, um grupo de pessoas amontoadas nos bancos, algumas a espera de vagas nas enfermarias do SUS, outras do interior, sem ter para onde ir com familiares internados. E eu pensando, meu pai estava em uma UTI, cercado do carinho da companheira (por amizade e afeto conseguiu permanecer com ele na UTI - meu “morria” de medo de hospital), cercado de cuidados de bons profissionais. Meu pai de classe média, nunca precisou das enfermarias do SUS (INAMPS, INSS) enquanto criança, depois de adulto com um emprego razoável sempre teve plano de saúde, casou, viuvou, casou de novo, teve filhos, netos, sempre saudável, sorriu, entristeceu, acertou, errou . . . Enfim, viveu bem ou mal seus 72 anos.
Pensei,  quantos filhos não conheceram seus pais? Quantos pais não teriam que enterrar seus filhos? Que direito eu tinha para pedir por meu pai? Ele, assim como eu, não era melhor nem pior do que  tantos outros que estavam na mesma situação ou bem piores. Não acredito que Deus “ouça” as preces de seus filhos, ou que as orações e a fé “mude” o inevitável, o que tem que ser será. As orações e a fé só ajudam o próprio sujeito no sentido de trazer consolo, uma falsa sensação de proteção/segurança e esperança. Mistérios insondáveis: o nascer e o morrer.
Ouço muitos as pessoas de uma forma irracional, virem com ditados populares ou frases de efeito, dentre algumas, que religião e fé não se discute. Porque essa inviolabilidade da religião e da fé? O meu posicionamento é que tudo deva ser discutido, esclarecido, a dialética deve ser sempre utilizada, a argumentação, a lógica, a arte do diálogo empregada. A máxima do cristianismo é que a verdade libertará, assim sendo, não creio nessa fé cega, não creio em milagres, nessa repetição de dogmas, repetição de significados, sem ressignificação, não acho saudável essa repetição de comportamentos por preguiça mental de questionar, a acomodação, o medo de se posicionar e assim de se comprometer, no politicamente (in)correto.
A dinâmica da vida é clara, no exato momento que um casal sabe da gravidez, outro recebe um diagnóstico fatal, enquanto o sol nasce nas maternidades e a vida surge, rejuvenescendo, enchendo de júbilos alguns corações, do outro lado ele se põe nos hospitais, sufocando, cristalizando mágoas, encerrando ciclos ou quem sabe, iniciando outros.
            E a verdade é que a  fé é uma hipótese, onde a maioria não admite que não a tem, seja por simples repetição ou quem sabe por medo de ser punido, alguns por considerarem uma heresia a falta dela, outros são chamados a darem testemunho e se esquivam. O fazem também, quando não se conscientizam que a vida é efêmera, que somos frágeis, que vida e morte se completam, e fazem parte de um mesmo ciclo, indefinível, indescritível e insondável que nós seres humanos insistimos em não admitir e aceitar.

15 de abr. de 2012

Divagações sobre o viver - questões de vida e morte

Divagações sobre o viver
Reflexões sobre Questões de Vida e Morte

A revolução tecnológica e terapêutica proporcionou a vitória do homem sobre várias doenças, que durante muito tempo foram fatais e possibilitou uma investigação criteriosa sobre os medicamentos, drogas e seus efeitos colaterais. No campo da biologia agregou conhecimentos na área de reprodução, como o domínio da inseminação artificial, fecundação "in vitro", etc, na esfera da hereditariedade o conhecimento intrauterino, doenças hereditárias, previsibilidade das pré-disponíveis, certo domínio da engenharia genética, e o avanço das neurociências.
Nessa semana o STF aprovou a interrupção da gravidez de fetos anencéfalos também chamada de antecipação terapêutica do parto, com isso convido a vocês a refletirem comigo algumas questões que me inquietam no viver.
Procurarei na medida do possível abstrair dessa reflexão minhas convicções religiosas, crenças e valores, embora confesse que acredito impossível, abandonar toda subjetividade. 
Necessário se faz a princípio definir ou  entender quando se dá o inicio da vida.
Em um estudo clássico sobre o aborto, Callahan identificou três posturas em relação ao "status" do feto, ou quando se daria a origem da vida. 
1ª. A genética que defende que a vida inicia com a concepção. 
2ª A desenvolvimentista que divide-se em três posições a primeira, o inicio seria a nidação do ovo na parede do útero, a segunda com o desenvolvimento do córtex cerebral e a terceira posição com a expulsão do feto do útero.  
3ª. Das consequências sociais, o feto seria definido ou no nosso caso a vida seria definida pelo desejo social e moral representados pelas normas daquela sociedade, modelado pelas trocas biológicas e relacionais.
Diante disso acho pouco provável o aprofundamento assertivo das questões acima levantadas se não há um consenso nem quando a vida inicia consequentemente quando ela termina.
Na decisão do Supremo, questiono: Os médicos têm condições de avaliar com precisão se a má formação cerebral grave é uma anencefalia? Uma acrania? Ou merocrania? A interrupção extingue os problemas dessa mãe? Ou cria outros indescritíveis e permanentes?
Se a vida como pensam alguns é determinada pela função do córtex, vindo assim o diagnóstico da morte cerebral, e da ausência de consciência, poderíamos estender essa decisão a várias outras síndromes e más formações cromossômicas ou genéticas, ou não? O que seria uma vida vegetativa? O que determina ou garante um tempo de vida, ou todos não somos marcados para morrer?
Entretanto há um outro lado, o da mãe, ser psicofísico e histórico, produto das relações  ontogênicas que carrega em seu ventre um ser especial, cobrada e inserida em uma sociedade materialista, perfeccionista e preconceituosa, então eu questiono: Essa mãe tem condições físicas, psíquicas, estruturais (financeiras) para suportar a pressão, e principalmente o desconforto emocional dessa gravidez? Tem o apoio da familia? Companheiro?
O cerne da questão não seria o Estado proporcionar apoio psicológico de excelente qualidade, apoio financeiro a essa mãe de forma que ela pudesse se fortalecer e assim ser um sujeito ativo e consciente na tomada da decisão? Exercendo autonomia e para que suas ações sejam livres no  viver e no morrer.
Não seria oportuno a ética sair das academias e ser discutida nas turvas realidades que ora se apresentam? A religião rever dogmas e paradigmas, a ciência se colocar a serviço do individuo, enxergando como ativo nesse processo?
Confesso que não sei, me angustia a falta de certeza e talvez a incapacidade de ter convicções claras e verdadeiras, entretanto aprendi que o não julgar cabe em qualquer situação e que o amar o outro como assim mesmo é o princípio básico para uma vida feliz!
“Os limites de um ser humano só podem ser determinados por ele próprio. A nós cabe apenas a responsabilidade de oferecer oportunidades” frase lida em uma exposição da APAE sem menção do autor.

9 de mar. de 2012

Livre-arbítrio

Hoje eu vou divagar sobre o viver, o tema é controverso, pois mexe com crenças, valores e a fé de algumas pessoas, gosto da dialética, do bom argumento e do contra-argumento, portanto sintam-se convidados para comentarem, divergirem, contestarem ou concordarem.
Há poucos dias, talvez meses, achava que éramos senhores do nosso destino, dono das nossas escolhas e que muitas vezes nos furtávamos de agir com receio das responsabilidades provenientes delas. 
Que maravilha a possibilidade de mudarmos!  De gosto, de cor, de conceitos, de prioridades, de sonhos e também de opinião. Um certo poeta maluco, cantou “prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião  formada sobre tudo”. E assim defino o tema: livre-arbítrio.
Etimologicamente, livre significa o que tem a faculdade de agir ou não agir, o que não está sujeito ao domínio de outrem, já arbítrio é domínio absoluto dependente apenas da vontade.                                 
Não temos esse tal de livre-arbítrio, temos apenas a ilusão da liberdade, vejamos; certos aspectos históricos evolutivos da visão de homem. No período Cosmológico, antropocentrismo, a realidade era materialista metafísica, homem passivo dominado por forças desconhecidas.
No período Clássico, homem com uma natureza dualista, passivo sob influência da alma.Para Sócrates e Platão o homem era refém das experiências de uma vida anterior, já para Aristóteles preso as suas percepções sensoriais, muitas vezes falhas.
No período Medieval, o Teocentrismo, com ele surge a Escolástica e os dois principais filósofos cristãos Santo Agostinho e Tomás de Aquino.
Santo Agostinho, o bispo de Hipona, aliava a razão e a fé, dizia que o mal que praticamos ou a causa deles era pelo uso do livre-arbítrio, já o mal que sofremos era o justo julgamento divino.
Tomás de Aquino acreditava que sem o livre-arbítrio não tinha sentido a existência (conselhos, preceitos, proibições, prêmios, penas, etc)
Entretanto passeando rapidamente  pela Sagrada Escritura, constatamos o contrário;
- Carta aos Romanos:
 “Não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero”. (7, 15)
“Nem o querer cabe àquele que quer, nem a corrida a àquele que corre”. (9,16)
- Carta aos Filipenses:
                “ É Deus quem opera em nós o querer e o agir”. (2,13)
- Provérbios:
                “ O coração  do rei está na mão de Deus”. (21,1)
 - Jeremias:
                “ Não está no homem o seu caminho, nem cabe ao homem dirigir seus passos” (10,23)
                “Antes que no seio fôsses formado, eu já te conhecia; antes do teu nascimento eu já te havia consagrado e te havia designado profeta das nações» (Jr 1,5).
- João:
                “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi a vós e vos constituí para que vades e produzais fruto...» (Jo 15,16).
                Continuando depois do período Medieval, considerado o das trevas, pela sujeição da ciência ao jugo da igreja, surge o Renascimento, o Iluminismo, o Humanismo, período antropocêntrico, em voga o cientificismo.
                 Com Jonh Locke a teoria da Tábula Rasa, em oposição ao inatismo de Descartes e ao poder como direito divino. Entretanto esse homem não deixa de ser passivo, agora  refém das suas experiências.
                  Tem uma turma que defende essa causa, a do livre-arbítrio, os existencialistas, para eles a existência precede a essência. Ditam que todos temos o direito de decidir sobre a própria vida e escolher o rumo que considerar mais apropriado. Negam o determinismo, afirmam que "quem nós somos é sempre uma decisão nossa (. . . ) como se a tua vida fosse a tua obra a ser criada".
     Diante do contexto das ciências natrurais, nasceu uma nova ciência na tentativa de conhecer, entender, explicar esse homem, por uma ótica diferente da filosófica, da fisiológica, a Psicologia, com ela surgem os sistemas psicológicos. No Estruturalismo (Wundt),  o paralelismo psicofísico (Fechner) e o homem como ser racional e passivo em relação ao meio, na Psicanálise (Freud) a irracionalidade do homem, passivo em relação aos seus desejos, ao seu inconsciente, no Funcionalismo (W. James) passivo na interação com o meio, . . .  enfim basta de retrospecto histórico.
   Em uma pesquisa realizada em 2008, pelo Centro Bernstein de Neurociência, em Berlim, descobriu que as escolhas de tomadas de decisões por conta própria, não são conscientes, somos reféns do cérebro, dos córtices frontopolar e medial, áreas responsáveis pela tomada de decisões, os cientistas perceberam que cerca de 10 segundos antes, o cérebro antecede a consciência na decisão.
  Ora ser livre ou ter liberdade na minha opinião requer conhecimento de todas as escolhas possíveis e imagináveis, para agir ou não agir, e todos os nossos atos, pensamentos são vinculados ao histórico de vida, as experiências, as crenças, aos valores individualizados por convicções construídas, reforçadas ou não. Arbítrio como domínio absoluto somente na etimologia, somos parciais e subjetivos.
  O que escrevi até agora retrata um homem passivo e a passividade aqui significa a submissão, a subjugação, subserviência ora ao meio, ora a alma (espírito, mente), ora as suas experiências, ora ao inconsciente, aos desejos, ao cérebro  . . . na verdade, ao quê, pouco importa. Temos uma falsa expectativa de liberdade, de discernimento, somos produtos de uma seleção histórica das espécies, em processo contínuo de maturação desde a fecundação, inseridos em um meio cultural onde produzimos as relações e somos escravos delas, em um determinismo social, conduzidos discretamente por opiniões massificadas, momentâneas, temporais, em uma ignorância estimulada. 
Somos ovelhas sem redil e com muitos pastores!

4 de fev. de 2012

Solidão é não ter com quem sonhar!

         Confesso que hoje estou cansado das pessoas virem falar de solidão, com frases feitas, de que não precisamos de ninguém para ser felizes, que não existe a outra banda da laranja, alma gêmea ... que  podemos está com várias pessoas e ainda sim estarmos só,  . . . esse papo caqbeça das pessoas bem "resolvidas".
         Uma coisa não ratifica a outra e nem invalida, palavras soltas, afirmações de efeito.
         Eu e você somos seres biopsicossocial, não há discordância quanto ao orgânico, o biológico. Psico porque para uns  temos uma consciência, para outros alma, espírito, individualidade, somos único. Ah e o social, necessitamos da interação com o outro para crescermos, desenvolver e evoluirmos, e isso é fato!
        Metade? Não somos metade, somos inteiro, então não defendo aqui a existência de um outro lado, que em tese nos completaria, rechaço a outra banda, a tese dos opostos que se completam.
        Alma gêmea? 
        Aristófanes poeta grego convidado por Platão para definir o que é o amor, afirma que o homem era andrógino, tinha duas cabeças, quatro pés, era duplo e completo. E esse homem subiu aos céus para embater-se com os deuses e Zeus após vencer a batalha, cindiu ao meio. Ao retornar dividido, vive a procurar seu complemento. Mito, apenas mito.
       Independente de não sermos metade, de não  existir alma gêmea precisamos do outro sim, é essencial essa interdependência, somos felizes com a dependência recíproca!
       A solidão não é mito, é real, perceptível! Solidão é não ter quem te leve ao aeroporto quando você vai viajar, é não ter ninguém te esperando quando retornar, é imaginar que na verdade não tem para quem você voltar. É chegar em casa e não ter com quem conversar, é adoecer e não ter quem te leve ao hospital, é está encamado sem coragem de ir na cozinha tomar água e não ter com quem contar.
       Solidão é a casa arrumada, é a mesa posta, é a cama vazia! Solidão é não ter com quem sonhar!

1 de fev. de 2012

Valeu!!!! O Nosso Amor Valeu Demais!!!

"Os relacionamentos duram o tempo que têm que durar, ou seja, enquanto permitem que ambos cresçam: às vezes esse tempo é de algumas semanas; outras, de uma vida inteira." citação do livro, Amar de Olhos Abertos de Jorge Bucay e Silvia Salinas
 A nossa vida é composta de ciclos, precisamos deles para o desenvolvimento de qualidades que ainda não temos, reforçar as incipientes ou  abandonar as que foram e que não são mais necessárias na nossa caminhada.
Nos relacionamentos muitas vezes os envolvidos não aceitam e insistem em algo que não tem mais sentido, por orgulho ou por vaidade. Pode ocorrer também a falta de maturidade para admitirem que o agonizante relacionamento, ao invés de propiciar crescimento, enriquecimento, autoconhecimento  . . . é uma fonte de autocomiseração, de autopunição. Não têm o desapego para aceitarem que o outro não é propriedade sua, que não podem ter o que não pode ser anulado. E principalmente não fazem as escolhas, não tomam as decisões, porque não querem assumir as responsabilidades delas decorrentes, assim delegam ao parceiro a atitude que a princípio  deveria ser sua, vivendo a margem da sinceridade, preocupados com as aparências, numa sociedade  preconceituosa e hipócrita.
Nessa jornada existencial nos defrontamos com situações úteis, primordiais para alcançarmos nossos objetivos, repararmos erros, superarmos nossos medos, traumas e alçarmos outros vôos. Nessa dinâmica também cruzamos com  várias pessoas, todas importantes no nosso caminho, construímos ou restabelecemos vínculos adormecidos na cortina do tempo e do véu do esquecimento. Com umas estabelecemos relações de amizade, com outras exercitamos o perdão, algumas a tolerância, a paciência e com poucas (para alguns) relações amorosas ou afetivas.
Nesses relacionamentos amorosos a intensidade se faz necessária, as promessas, o desejo da continuidade são úteis, a vontade de acertar é válida. Entretanto tenhamos a consciência que eles podem durar uma vida ou apenas momentos, “esse tempo é de algumas semanas; outras, de uma vida inteira”. a essência foi captada pelo  o Poeta, no Soneto da Fidelidade, “que seja eterno enquanto dure”
E assim viva seu momento como o único, como  o último. Desfrute ao máximo visando o seu crescimento e o de seu companheiro(a). Muitas vezes nos prendemos aos rótulos que criamos, nos detemos ao que a sociedade vai dizer sobre aquele relacionamento que era para ser eterno, nas juras que fizemos, nos fixamos e nos escravizamos às promessas, que jamais foram levianas, foram verdadeiras quando foram proferidas, ou em outras, satisfazendo o ego de familiares, acorrentados nas convenções sociais, mas a vida é cíclica. “A hora do encontro, é também da despedida” Ao prender-se em um relacionamento fracassado perde-se a oportunidade de crescer, de ter outras experiências que também precisamos. 
O fundamental é ter  coragem, serenidade e atitude, principalmente atitude para perceber que já deu o que tinha de dar, rompa, não se torture, finalize quando sentir que já não te acrescenta, mude, siga outro caminho, retorne, mas não permaneça em algo sem sentido, pois a vida é feita de ciclos, eles iniciam e terminam, outros ciclos existirão.
Caso o ciclo tenha sido interrompido, por um motivo o outro, que benção! A vida te proporcionou outras conquistas, quantas novas alegrias! E se houver necessidade de complementação na aprendizagem, creia-me até mesmo aqueles ciclos que terminaram podem ser reiniciados, muitas vezes os protagonistas serão outros nesse palco, pouco importa, pois “nem tudo que acaba tem final”  e o acaso não existe. Saiba se for para o seu  crescimento o que foi, pode voltar e voltará, o Universo é sábio  “ o que for seu achará um meio de te encontrar”.
Viva intensamente sem se preocupar com o para sempre, tendo o discernimento e a consciência para  entender que o ” para sempre,  sempre  se vai” , ou as vezes se vai, o importante é dizer:  “valeu, o nosso (ou o meu) amor valeu demais”.